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A Falácia da Madeira Verde

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A Falácia da Madeira Verde

O preço decide.

Carlos G. Chaves
Aug 25, 2020
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A Falácia da Madeira Verde

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A informação mais importante na estratégia Trend Following é o preço. O que o preço está fazendo (subindo ou descendo) é o que importa. O porque (motivo) do movimento não importa. Fazer esta distinção não é uma tarefa fácil todavia é fundamental. Em um artigo publicado no site da Seival Investimentos, chamado a Falácia da Madeira verde, esta distinção é explicada de maneira pedagógica.

Os dois livros mencionados no artigo são leitura obrigatória para quem deseja aprofundar-se no assunto.

No livro denominado What I learned losing a million dollars (SCHWAGER; PAUL; MOYNIHAN, 2013), o protagonista observa que um colega de pregão em Chicago, chamado Joe Spiegel, especulava com sucesso a mercadoria Green Lumber (madeira verde). Spiegel, que obtinha resultados expressivos na especulação desta mercadoria, imaginava que a commodity “madeira verde” assim se chamava pelo fato de ser pintada de verde. No entanto, a madeira era chamada de verde porque ela havia sido cortada recentemente, não havendo passado pelo processo de secagem.

Joe Spiegel teve sucesso na sua profissão mesmo sem ter a menor noção das características da mercadoria que ele comercializava (green lumber). Já o protagonista se envolvia em grandes teorias, narrativas intelectuais e adivinhações para tentar saber “o que” fazia o preço da commodity oscilar. Este processo intelectual e pouco prático levou o protagonista à falência.

Spiegel entendia e usava a dinâmica do preço (fluxo de ordens) para comprar e vender a mercadoria. Ele sabia que a fonte de conhecimento necessária estava no preço, uma vez que esta informação mostrava de forma objetiva se existiria lucro ou prejuízo. Portanto, tinha sucesso.

Taleb (2014), no livro intitulado Antifrágil — Coisas que se beneficiam com o Caos, chama de faláciada da madeira verde a situação na qual alguém confunde a fonte de conhecimento necessária – a dinâmica do preço – com outra fonte de conhecimento, menos visível do exterior, menos administrável, menos discursiva.

Vale observar se em nossas decisões diárias estamos usando a fonte de conhecimento necessária ou estamos envolvidos em narrativas e adivinhações intermináveis e estéreis.

Na frase abaixo, Richard Dennis, lendário Trend Following trader, destaca o preço como a informação mais importante na tomada de decisão de investimentos:

Concordo com a metafísica da análise técnica de que os fundamentos são descontados. Você não obtém nenhum lucro com a análise fundamentalista; você obtém lucro com a compra e venda. Então, por que ficar com a aparência quando você pode ir direto à realidade do preço e analisá-lo melhor?

No mundo em que vivemos, onde o fluxo frenético de dados e informações nos consome a cada segundo, torna-se fundamental usarmos filtros para separarmos sinal (fato) de ruído (opinião). As pessoas possuem o prazer de contar algo que não sabemos. Quando isto acontece elas sentem uma agradável sensação de “status” e superioridade.

Dicas, boas histórias, entrevistas, segredinhos e posts de “influenciadores digitais” não passam de opiniões ou exercícios de futurologia para chamar nossa atenção. Ou seja: o ruído nos consome por meio do medo e ansiedade. Ele nos induz ao erro. Se usarmos este ruído em nossa tomada de decisão de investimentos, cedo ou tarde, teremos sérios problemas. Nossa compulsão por informação (de toda a ordem) é o melhor aliado dos repórteres e dos geradores de ruído.

Como distinguir fato de opinião? Se uma pessoa diz: acho que a ação ABC vai subir, isto é uma opinião. Se a ação ABC está no preço mais alto nos últimos 12 meses, isto é um fato. Sempre que ouvir ou ler algo, pergunte-se: Isto é um fato ou uma opinião?

Aprender a controlar o ruído e encontrar tendências é o nosso objetivo.

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