O Perigo das Distrações: Como as Notícias Sabotam Seus Investimentos
A curiosidade pode custar caro
Um dos três maiores inimigos dos investidores, junto com a complexidade e a indisciplina, são as distrações. Essas distrações aparecem com grande frequência nas mídias, gerando medo, ansiedade e erros de julgamento. Monitorar constantemente as notícias de mercado e o desempenho dos seus investimentos é uma grande distração.
Abaixo, relaciono os principais erros cometidos pelo investidor ao acompanhar notícias financeiras com frequência, bem como formas de corrigir esses erros:
Tomada de decisões impulsivas: A exposição constante a notícias leva a reações baseadas em informações de curto prazo, ignorando estratégias de longo prazo.
Foco em tendências de curto prazo: O fluxo contínuo de notícias faz com que flutuações temporárias pareçam permanentes, levando a ações precipitadas no momento errado.
Exemplo: Acreditar que uma alta ou queda momentânea reflete uma tendência duradoura, quando ela pode se reverter logo em seguida.
Reação exagerada a "ruído": Os investidores confundem flutuações normais de preço com mudanças fundamentais, resultando em decisões desnecessárias.
Exemplo: Agir com base em pequenas variações de preço amplificadas pela mídia, sem avaliar o impacto real no contexto.
Perda de perspectiva percentual: A imprensa destaca valores absolutos de mudanças de preço, em vez de percentuais, o que distorce a percepção da relevância dessas variações.
Exemplo: Um aumento ou queda de R$ 5 pode parecer significativo, mas ser irrelevante em termos percentuais para o valor total da ação.
Abandono de estratégias de longo prazo: A ansiedade gerada pelas notícias leva investidores a abandonar ativos mais voláteis, mas de maior retorno (como ações), em favor de opções mais seguras, porém menos rentáveis (como títulos de renda fixa).
Exemplo: segundo o estudo o grupo que verificava portfólios mensalmente optou por fundos de títulos de renda fixa, enquanto o grupo anual manteve ações e lucrou mais.
Tentativa de "vencer a correria": Com a velocidade das notícias na era digital, os investidores tentam agir rapidamente, mas acabam perdendo, pois a informação já está precificada no mercado.
Exemplo: Comprar ou vender após uma notícia amplamente disseminada, sem vantagem sobre outros investidores.
Como evitar essa armadilha:
Reduzir a frequência de verificação: Checar os investimentos com menos regularidade (por exemplo, anualmente em vez de mensalmente) ajuda a focar no longo prazo e evita reações ao "ruído".
Estratégia: Estabeleça um cronograma fixo, como uma revisão trimestral ou anual, e evite consultas diárias.
Adotar uma mentalidade de maratona: Lembre-se de que investir é um processo de longo prazo, não uma corrida de curto prazo, para resistir à pressão das notícias diárias.
Estratégia: Defina metas de investimento de 5, 10 ou 20 anos e ignore oscilações temporárias.
Distinguir "clima" de "tempo": Foque no "clima" do mercado (tendências de longo prazo) e ignore o "tempo" (notícias diárias), colocando as informações em contexto.
Estratégia: Analise relatórios anuais ou históricos de desempenho em vez de manchetes sensacionalistas.
Ignorar o "ruído": Reconheça que a maior parte das movimentações diárias é irrelevante e evite agir com base em flutuações sem fundamento.
Estratégia: Antes de tomar uma decisão, pergunte-se: "Isso reflete uma mudança fundamental ou é apenas volatilidade passageira?".
Automatizar decisões: Use estratégias como investimentos automáticos (ex.: aportes regulares em fundos) para evitar a tentação de reagir às notícias.
Estratégia: Configure um plano de investimento automático e siga-o independentemente das manchetes.
Ao seguir essas práticas, os investidores podem se proteger das armadilhas emocionais e financeiras criadas pelo consumo excessivo de notícias, maximizando seus retornos no longo prazo.
Consulte o artigo Behavioral decision making escrito por Paul Andreassen para obter mais detalhes sobre a pesquisa e informações sobre o comportamento dos grupos pesquisados.